olá, você!
como foi de reileão? faz um tempinho que 2024 começou (fervendo 🔥), mas a gente mal se falou desde o ano passado, então, achei por bem perguntar.
eu gosto de metas. sou bastante a favor de colocá-las em um papel e pregá-las em um mural na estação de trabalho. fiz e funcionou, tá? (foi quando decidi que queria clientes gringos, lá em 2021).
o rolê é que não vim falar de metas, especificamente. vim falar de caos. o caos é a principal tendência para 2024 e só lamento por você que estava aí ansiando pela calmaria (eu também tava). ainda vai vir tempestade e seguimos sem saber a data de início dos dias de glória.
🔎 a news de hoje é sobre:
um episódio de friends
um filme favorito
um "não" ao estoicismo moderno
um conselho (acho)
se você já assistiu a friends ― e preciso dizer que tenho dificuldades com quem não assistiu & amou ―, talvez se lembre do "Aquele dos Embriões" ou T04EP12.
é o que monica e rachael enfrentam joey e chandler (te amo, matthew) em um quiz apresentado pelo ross, valendo o apartamento das meninas. e elas perdem. em determinado momento, as coisas acontecem mais ou menos assim:
ross: qual filme rachael diz que é seu favorito?
joey: dangerous liaisons!
ross: qual filme realmente é seu favorito?
joey: weekend at bernie's 😎
pois bem. eis que eu tenho o costume de falar para as pessoas que meu filme favorito é inception (ou a origem) e é com toda sinceridade que eu digo que realmente AMO.
mas a verdade é que meu filme favorito é jurassic park (1993). sim, o primeiro; claro!
fui uma criança que gostava de dinossauros e chorava assistindo a “em busca do vale encantando”, sempre com dó do littlefoot. gostava de aprender os nomes dos dinossauros e sempre tive o velociraptor e o pterodáctilo como meus favoritos.
não lembro quando assisti ao filme pela primeira vez e já perdi as contas de quantas outras eu o revi. nos finados tempos de sms, eu tive um amigo que me mandava mensagem para avisar que jurassic park estava passando em um canal Z. dificilmente eu conseguia não parar para ver.
em 2023, outro amigo encontrou um livro de jurassic park em um sebo e postou sobre nos stories. eu simplesmente aloprei porque a capa era de autoria do butcher billy.
billy é um ilustrador e artista brasileiro muito f*** que talvez você conheça sem saber que conhece.
comecei a saga de ir atrás do livro com a exata capa que eu queria, uma vez que o billy fez mais de uma versão e todas foram colocadas à venda. entrei em contato com a editora, e recebi como resposta um tem, mas acabou.
me restou aceitar os preços de edições usadas vendidas no mercado livre e na estante virtual, partindo de R$80 para R$180. alguns dias depois, minha edição chegou com pouquinho sinal de uso e comecei a ler as quase 500 páginas escritas por michael keaton.
existem (muitas) diferenças em relação ao livro, especialmente em relação à lex e ao quanto o livro detalha mais toda a parte científica e deixa ainda mais claros os motivos da resistência do dr. malcom à abertura do parque: a teoria do caos.
a teoria insere o elemento da incerteza no universo. pegando por base as leis de newton, "tendo os dados perfeitos, é possível fazer previsões. mas, na prática, a teoria do caos nos ensina que, como é impossível ter dados perfeitos, a partir de certo ponto as previsões se tornam inviáveis".
traduzindo para o universo de jurassic park, temos dois pontos importantes:
ponto um: por mais que o dr. wu tenha se baseado em toda previsibilidade possível para criar os dinossauros e que nedry (o cara da TI) tenha feito o mesmo para manter os sistemas funcionando, a realidade é imprevisível.
ponto dois: a vida encontra um jeito (sim, foi o dr. malcom quem disse isso).
sob a ótica apresentada no livro, a teoria do caos considera que variações iniciais, por menores que sejam, fazem com que as previsões se tornem impossíveis com o passar do tempo.
é por isso que as coisas dão errado no parque e que não saem exatamente como a gente espera na vida. nossa existência é, em certa medida, regida pelo caos.
e daí que, nos últimos tempos, uma versão moderna do estoicismo ganhou espaço nas redes sociais e nos discursos pseudo motivacionais dos coaches que não deveriam ser coaches.
sabe esse discurso de que se eu consegui, você também consegue? e se não conseguiu foi porque fez algo errado? muita gente charlatã usa isso pra vender (info) produtos que prometem resultados incríveis, mas que não vão mesmo acontecer pra todo mundo.
tem gente que vai se endividar para alcançar o sucesso e falhar por falta de comprometimento. e tem mais gente ainda que vai cair nessa e não vai falhar, ou seja, vai fazer tudo certinho… mas sem conseguir o resultado esperado.
é que se desse certo pra todo mundo que segue as regras, o primo fulano já teria feito sei-lá-quantos milionários no brasil. fez? não fez.
depois que passa essa parte da empolgação de "se você pode sonhar, pode realizar" (desculpa aí, walt disney), muita gente cai no conformismo. na linha do não adianta eu me esforçar porque nada vai mudar mesmo.
perigoso isso, viu? tem gente que, depois da empolgação, entende o estoicismo como a filosofia do conformismo, mas isso é culpa nossa (e do capitalismo).
lá atrás, o estoicismo tinha essa pauta de nos conformamos com o que não podemos mudar, mas não era de uma maneira derrotista. era de maneira a nos ensinar a abraçar o caos, a lidar com o caos.
é mais sobre não surtar com aquilo que não está no nosso controle, entende? confesso que sofri muito durante os períodos mais graves da pandemia e levei isso pra terapia para tentar aprender a sofrer menos.
a única coisa que a gente pode controlar ― e dificilmente vai conseguir fazer isso com 100% de constância ― somos nós mesmos. e vale, inclusive, para controlar como lidamos com aquilo que foge ao planejado e frustra nossas expectativas.
não sei bem o porquê, a vida sempre acha um jeito. às vezes, entregando o que a gente queria e, outras, "estragando" tudo. a tendência desse ano é a mesma dos anos anteriores, desde os tempos de Zenão (300 a.C), e parece estar mais intensa dia após dia: o caos.
enfie as metas no caos, não se conforme e feliz 2024!
tem pra hoje
falei, tô leve 🗣️
embora queira mudar isso agora em 2024, faz tempo que não estudo filosofia e, como essa pretensão indica tempo futuro, devo dizer que falei de tudo meio superficialmente porque é só isso que dou conta de entregar (por ora).
por isso, peguei uma aspas desta matéria da bbc para explicar um pouquinho dessa escola helenística pra você.
pra acompanhar 👀
fica aí um dos perfis do butcher billy.
para ouvir 🎧
podcast "a grande fúria do mundo", com pedro cortella e mário sérgio cortella -> episódio sobre estoicismo.
acabou (ou quase)
não custa lembrar: se você gostou ou sentiu qualquer outra coisa que te deixou com vontade de comentar, me escreve 😄
e se você gostou muito e quiser recomendar para alguém, não pense duas vezes: só vai!
Li as três edições da newsletter e estou adorando, já quero a próxima! É gostosa de ler e traz boas reflexões de forma leve. Você é boa nisso e você sabe! 😜
Esse episódio de Friends é ótimo e seus dois filmes favoritos são excelentes também. Também gostava bastante de dinossauros quando criança, especialmente daquele filme da Disney.
Sobre a teoria do caos, acho o máximo, e faz todo o sentido que o livro do Crichton (que eu deveria ter lido, afinal adorei Linha do Tempo) gire em torno disso.
É verdade, os estoicos nunca foram conformistas, é mais uma questão – na minha visão – de se preocupar com o que você consegue mudar e aceitar aquilo em que você não pode intervir (que é bastante coisa!), exatamente como você bem explicou. Sendo assim, vamos todos abraçar o caos!
P.S.: Conheci recentemente esse podcast do(s) Cortella, vou aproveitar e começar por esse episódio.
No meio de uma quinzena de dor ininterrupta (e vc sabe bem do que estou falando), ler o "tem, mas acabou" fez quase um efeito analgésico aqui. Fiquei fora do corpo por uns minutos, mergulhada na sua brilhante forma de ser erudita sem ser blasé. Amo tu demais da conta.