tem, mas acabou #15 | para quem servem os seus limites?
soa clichê, eu sei, mas poucas coisas me deram tanta tranquilidade para ser feliz do que me impor limites ― e isso até tem um pouco a ver com o hiato da tma (que está de volta, amém!)
olá, você!
a última edição da news foi em julho de 2024. de certa forma, acho surpreendente tenha aparecido gente por aqui nesse meio tempo ― aumentei um pouco mais os seguidores, recebi novos comentários… mas precisei mesmo me desligar de tudo isso.
a tem, mas acabou nunca foi o problema; foi criada para ser uma espécie de solução e segue insistente nisso mesmo com meu aparente abandono. não deixei de pensar temas para trazer pra cá. o problema foi um volume muito alto de barulho interno que me impôs dificuldades para ouvir meus pensamentos.
embora eu seja contra acreditar em tudo que nossa mente nos diz, precisava muito recuperar esse diálogo que havia se transformado em monólogo.
🔎 a news de hoje é sobre:
acolher a imperfeição de si
entender para quem servem os limites
recuperar a ternura
já sentiu o gostinho bom de aceitar que errou? não digo de aplaudir a própria burrice, mas de se sentir leve depois de dizer para si ― e talvez para outrém ― que você realmente falhou em determinada coisa e que a realidade é essa aí.
vim para falar de limites a partir de diferentes vieses.
um deles é que se relaciona com as limitações.
cumprir uma jornada de evolução pessoal (que, cada vez mais, vejo que passa pelos outros) tem sido meu foco na vida até aqui. já fui demasiadamente dura comigo em relação ao quão melhor eu precisaria ser, mas ando mais tranquila graças à ternura.
confesso, ainda não lido bem com todo e qualquer erro.
mas me foi de grande ajuda perceber que há erros que a gente comete por incapacidade de fazer diferente ― o que pode ser momentâneo ou se transformar em algo que vai nos gerar frustrações eternas ainda que entremos em uma batalha constante para mudar.
e isso nem sempre tem a ver com caráter, me entende?
acho que já citei deborah secco (grande filósofa, rs!) na news antes para compartilhar a ideia de que "a gente é o que a gente consegue ser". uma das melhores coisas que me aconteceu foi entender o que eu não dei conta de ser ou o que eu não dou conta de ser AINDA para, então, deixar de me frustrar com as consequências (ruins) disso.

tá nos meus planos não repetir os mesmo erros no futuro, mas estou tranquila de encarar tudo isso como um processo que ainda pode incluir falhar de novo; seja do mesmíssimo jeito ou não.
até porque, como aprendi na faculdade de jornalismo e entendo servir para a vida, toda história tem uma versão: a nossa, a do outro e a verdadeira. e nessa confluência de narrativas, o erro é relativo.
vai doer muito mais em quem não quiser ou não puder enxergá-lo como plausível. e isso depende da perspectiva de cada personagem da história, bem como de seus contextos particulares e dos seus limites.
ainda tenho estudado sobre estoicismo e aprendido coisas novas.
muito me interessou a ideia de não termos como saber, de verdade, se uma decisão foi certa ou errada por termos apenas uma vida; ou seja, teríamos que ter a oportunidade de viver uma segunda vez, da mesma forma, até tomar uma decisão diferente e então comparar os resultados.
o que fazemos afeta os outros e, por vezes, são eles quem vão perceber o que falamos ou dissemos como um erro. não quero reduzir a importância da responsabilidade que temos nessa relação, mas pensar uma outra forma de ver as coisas também.
se meu erro decorre da melhor decisão que fui capaz de tomar, por que não me acolher em vez de me torturar? porque, como mencionei, há coisas que são nossas que seguirão como são por implicância, ainda que queiramos muito fazer diferente.
foi pensando nisso que entendi que algumas limitações também falam de limites enquanto "até aqui, ok. depois, não mais".
falamos muito sobre impor nossos limites aos outros, mas acho muito mais difícil impor nossos limites a nós mesmos.
você não acha?
na nossa cabeça, sem ter que falar em voz alta com ninguém, é muito mais fácil relativizar a quebra de acordos que fizemos conosco. tem sempre um vai ser só dessa vez ou vai ser a última vez para gerar consequências que vamos fingir ignorar em silêncio.
no momento, reconheci que o melhor que pude fazer é o meu limite,
e que cabe a mim respeitar que, tentar além disso, não me pertence (ainda ou nunca).
é muito melhor assumir consequências nessas circunstâncias. digo de quando a gente está ciente (e em paz) e deseja prosseguir.
pode ser que ainda cause dor, gere raiva… o que for. mas ajuda a endurecer sem perder a ternura. jamais. os tempos parecem seguir cada vez mais difíceis, mas é essa tentativa constante de afeto diante da vida ― de mim e dos outros ― que tem me permitido ser feliz apesar de tudo.
tem pra hoje
30 min para você 🎧
um dos episódios de podcast sobre estoicismo que ouvi recentemente e curti.
sinal de fumaça 🔥
me indica um conteúdo, seu ou de outra pessoa, que eu perdi enquanto estive ausente do substack e que você acha que merece minha atenção?
um combinado 🫡
quero conseguir manter a news e, embora a ideia de monetizar me agrade, o que realmente mexe comigo é conversa. reativei meus diálogos internos e tô feliz com isso, mas saiba que me faz um bem danado de ouvir/ler aqui nos comentários, via e-mail ou outros canais que você tenha contato comigo.
"falamos muito sobre impor nossos limites aos outros, mas acho muito mais difícil impor nossos limites a nós mesmos."
Um mantra necessário!
"o que fazemos afeta os outros e, por vezes, são eles quem vão perceber o que falamos ou dissemos como um erro. não quero reduzir a importância da responsabilidade que temos nessa relação, mas pensar uma outra forma de ver as coisas também."
A gente deveria entender isso de verdade e se esforçar para cuidar melhor do que diz/faz. Principalmente no mercado de trabalho.
Muito bom.