Ahhhhhh as portas... amo a analogia das portas pela simplicidade do invento em si. Pensa comigo, em algum tempo distante não havia portas. Tudo era meio que um loft perdido nos primórdios da História. Só de pensar me dá gastura rs. Sim, é mais uma noia minha: portas fechadas geram em mim uma curiosidade insuportável (deve ser por conta da minha alma de gato rs); portas semiabertas exercem um poder de sedução, podem tanto ser um convite pra entrar, quanto um alerta pra "permanecer distante", ou apenas espiar, ver recortes; as abertas não me dizem quase nada, e só agora me dei conta disso (Freud explica? Ou seria uma reflexão mais soturna, e mais adequada para Nietzsche?). Sei não...
O fato é que passo despercebida pelas portas abertas, assim como elas por mim. No plano prático, simbolizam - no meu singelo entendimento -, as oportunidades explícitas, convites genéricos... não me interessam. Chego a comparar as portas abertas a ciladas; afinal, "quando a esmola é muita, o santo desconfia".
O fato é que tenho cá nos recônditos da minha mente perturbada algumas salas com portas coloridas. Algumas trancadas a chave eletrônica, cuja senha eu nunca soube, ou fiz questão de esquecer. Outras semiabertas cujos interiores eu visito vez em quando, pra descansar dessa dor de ser a pessoa que sente e pensa demais; entro, deito no chão, arejo as janelas, troco plantas de lugar e me vou embora, apaziguada Não tenho portas abertas nos cantos secretos da cabeça. Não ocupo espaço com elas. Sobre a terapia, às vezes suspeito que apenas arranho superfícies de traumas que me aparecem em sonhos perturbadores de cannabis. Talvez esteja na hora de trocar a TCC pela psicanálise por um tempo. Como sempre, tenho a bênção de ter você na minha vida pra me lembrar do quão caótica é a minha alma rs. Te amo um absurdo.
desnecessário falar do quanto eu amei esse comentário, né?
acho muito que seria bacana para você fazer psicanálise por um tempo. tive aquele primeiro encontro para conhecer o terapeuta e vice-versa e já me foi uma ajuda interessante. estamos vendo de seguir... te conto mais sobre isso depois.
gostei de saber das salas em que você vai para descansar. não tenho muitas porque costumo ir para univrsos fantásticos que, mesmo quando atrás de portas, como é o caso da minha floresta, não são salas.
tenho, porém, uma janela que me leva sempre para um mesmo instante que foi um dos momentos mais leves que já tive na vida, em um barco pelo mar. acho que é minha única janela que realmente me leva a um lugar.
O timming é realmente importante. Comparo como quando a gente compra ou ganha um livro e deixa de lado por meses ou até anos e quando decide ler parece que era o momento perfeito.
Também a terapia, até onde eu entendo, tem essa coisa do terapeuta deixar você abrir a porta quando é a sua hora e não ficar te forçando a abrir tudo. Uma vez aberta uma porta você tem que dar conta do que está lá dentro e nada está atrás de uma porta se não com o intuito de proteger a gente daquilo.
"Nada é mais poderoso do que uma ideia que chegou no tempo certo."
tive uma terapeuta não tão legal que "fechou" uma porta pra mim. abri pra ela a questão e ela decidiu que eu não queria realmente resolvê-la 🤡. pensei que poderia ser parte de uma estratégia de provocação pela minha falta de ação (estava tendo dificuldades com essa parte), mas acabei achando só errado mesmo.
sai da terapia e, sem a ajuda dessa ex, superei o problema. talvez um pouco impulsionada pela raiva que ela me causou HAHA
Fiz terapia por uns 6 anos seguidos. Falei de algumas coisas, mas nunca falei do meu trauma principal. Nunca nem cheguei perto. É como se a pessoa que sofreu aquilo estivesse trancada num lugar tão tão fundo que eu tento esconder de mim mesmo que aquilo aconteceu comigo. Também é como um lugar seguro para aquela criança que sofreu o trauma, se eu não tenho que lembrar a criança não tem que sofrer de novo. E talvez se eu não tenho que lembrar, eu consiga me convencer que nunca aconteceu.
Mas... as vezes eu me pego lembrando e tendo uma conversa imaginária com algum amigo(a) próximo com quem eu talvez gostaria de partilhar. É como se, caso eu tivesse isso como uma criança atrás de uma porta, a criança estivesse tentando abrir a porta para sair e o fato de eu imaginar uma conversa com alguém a fizesse volta para dentro e ficar quietinha por mais tempo.
o trauma sobre o qual eu ainda não falei está assim, "esquecido" atrás da porta como se nunca tivesse acontecido.
a situação que me sinto pronta para levar para a terapia estava na mesma situação, até que eu percebi que meus monólogos e outros artifícios já não eram suficiente para manter a porta fechada e que de qualquer forma, essa tentativa já não fazia sentido. vejamos onde a análise me leva...
Achei lindo e simbólico a forma que você se enxerga internamente e como você encontrou uma linguagem própria de falar com o seu inconsciente. Identifiquei-me com muitas coisas nesse texto. Eu não tenho uma imagem recorrente de nada, a não ser uma que eu gosto de lembrar, mas que parou de acontecer por volta dos 12 anos. Quando eu era pequeno eu tinha dores de cabeça frequentes e sempre que isso acontecia eu ia tomar banho. Eu entrava no chuveiro e deixava a aguar bater na cabeça enquanto eu ficava de olhos fechados e eu sempre via uma imagem meio 3D tosco onde parecia que eu era só a minha cabeça, eu estava num espaço totalmente vazio, tudo escuro, só via a minha cabeça em 3D e a minha cabeça se abria no topo. Começavam a sair várias bolinhas com espinhos de dentro dela, até que a cabeça se fechava, a visão acabava e a dor de cabeça tinha passado.
Mas fora isso, sempre alguma situação da minha vida me lembra uma música, assim como hoje as pessoas falam de algo e lembram de um meme, eu lembro de músicas e tenho que me controlar para não ficar mandando músicas como as pessoas mandam meme. Também comecei a prestar atenção nas músicas que escuto no repeat sem prestar atenção na letra. Reparei que sempre que estou insistindo d+ numa música a letra tem a ver com o que eu estou sentindo.
depois te conto, diretamente ou por aqui, sobre a minha TV de sonhos da infância!
achei bem legal sua capacidade de associar momentos à músicas e aceitaria receber, pelo menos de vez em quando, algumas que vierem à sua mente dentro de um contexto específico.
e essa questão de ouvir a música repetidas vezes e identificar que tem relação com o que você está sentindo é, pra mim, muito pertinente ao timing das coisas que eu mencionei :)
É algo mais interno e avalio que tem um funcionamento parecido com a forma como eu visualizo o arquivo de ferro cinza esverdeado e a sala branca cheia de portas: como se fosse uma projeção das imagens que, inclusive, me faz olhar para frente como se o que eu vejo estivesse ali, mas está dentro de mim.
Confuso? Provavelmente.
No que diz respeito ao som, eu vejo movimentos parecidos com o que musicistas (principalmente os clássicos) fazem para indicar variação de tom, de acordo com a cadência específica. No canto, especificamente, tem sido como um pincel largo com tinta geralmente azul, lilás ou verde pintando o movimento da minha voz em termos de passagem do ar, tom e afinação.
Ahhhhhh as portas... amo a analogia das portas pela simplicidade do invento em si. Pensa comigo, em algum tempo distante não havia portas. Tudo era meio que um loft perdido nos primórdios da História. Só de pensar me dá gastura rs. Sim, é mais uma noia minha: portas fechadas geram em mim uma curiosidade insuportável (deve ser por conta da minha alma de gato rs); portas semiabertas exercem um poder de sedução, podem tanto ser um convite pra entrar, quanto um alerta pra "permanecer distante", ou apenas espiar, ver recortes; as abertas não me dizem quase nada, e só agora me dei conta disso (Freud explica? Ou seria uma reflexão mais soturna, e mais adequada para Nietzsche?). Sei não...
O fato é que passo despercebida pelas portas abertas, assim como elas por mim. No plano prático, simbolizam - no meu singelo entendimento -, as oportunidades explícitas, convites genéricos... não me interessam. Chego a comparar as portas abertas a ciladas; afinal, "quando a esmola é muita, o santo desconfia".
O fato é que tenho cá nos recônditos da minha mente perturbada algumas salas com portas coloridas. Algumas trancadas a chave eletrônica, cuja senha eu nunca soube, ou fiz questão de esquecer. Outras semiabertas cujos interiores eu visito vez em quando, pra descansar dessa dor de ser a pessoa que sente e pensa demais; entro, deito no chão, arejo as janelas, troco plantas de lugar e me vou embora, apaziguada Não tenho portas abertas nos cantos secretos da cabeça. Não ocupo espaço com elas. Sobre a terapia, às vezes suspeito que apenas arranho superfícies de traumas que me aparecem em sonhos perturbadores de cannabis. Talvez esteja na hora de trocar a TCC pela psicanálise por um tempo. Como sempre, tenho a bênção de ter você na minha vida pra me lembrar do quão caótica é a minha alma rs. Te amo um absurdo.
desnecessário falar do quanto eu amei esse comentário, né?
acho muito que seria bacana para você fazer psicanálise por um tempo. tive aquele primeiro encontro para conhecer o terapeuta e vice-versa e já me foi uma ajuda interessante. estamos vendo de seguir... te conto mais sobre isso depois.
gostei de saber das salas em que você vai para descansar. não tenho muitas porque costumo ir para univrsos fantásticos que, mesmo quando atrás de portas, como é o caso da minha floresta, não são salas.
tenho, porém, uma janela que me leva sempre para um mesmo instante que foi um dos momentos mais leves que já tive na vida, em um barco pelo mar. acho que é minha única janela que realmente me leva a um lugar.
5.
Severance é mto mto mto foda :)
4.
O timming é realmente importante. Comparo como quando a gente compra ou ganha um livro e deixa de lado por meses ou até anos e quando decide ler parece que era o momento perfeito.
Também a terapia, até onde eu entendo, tem essa coisa do terapeuta deixar você abrir a porta quando é a sua hora e não ficar te forçando a abrir tudo. Uma vez aberta uma porta você tem que dar conta do que está lá dentro e nada está atrás de uma porta se não com o intuito de proteger a gente daquilo.
"Nada é mais poderoso do que uma ideia que chegou no tempo certo."
Victor Hugo
amei a citação, obrigada por compartilhar!
tive uma terapeuta não tão legal que "fechou" uma porta pra mim. abri pra ela a questão e ela decidiu que eu não queria realmente resolvê-la 🤡. pensei que poderia ser parte de uma estratégia de provocação pela minha falta de ação (estava tendo dificuldades com essa parte), mas acabei achando só errado mesmo.
sai da terapia e, sem a ajuda dessa ex, superei o problema. talvez um pouco impulsionada pela raiva que ela me causou HAHA
3.
Fiz terapia por uns 6 anos seguidos. Falei de algumas coisas, mas nunca falei do meu trauma principal. Nunca nem cheguei perto. É como se a pessoa que sofreu aquilo estivesse trancada num lugar tão tão fundo que eu tento esconder de mim mesmo que aquilo aconteceu comigo. Também é como um lugar seguro para aquela criança que sofreu o trauma, se eu não tenho que lembrar a criança não tem que sofrer de novo. E talvez se eu não tenho que lembrar, eu consiga me convencer que nunca aconteceu.
Mas... as vezes eu me pego lembrando e tendo uma conversa imaginária com algum amigo(a) próximo com quem eu talvez gostaria de partilhar. É como se, caso eu tivesse isso como uma criança atrás de uma porta, a criança estivesse tentando abrir a porta para sair e o fato de eu imaginar uma conversa com alguém a fizesse volta para dentro e ficar quietinha por mais tempo.
entendo perfeitamente!
o trauma sobre o qual eu ainda não falei está assim, "esquecido" atrás da porta como se nunca tivesse acontecido.
a situação que me sinto pronta para levar para a terapia estava na mesma situação, até que eu percebi que meus monólogos e outros artifícios já não eram suficiente para manter a porta fechada e que de qualquer forma, essa tentativa já não fazia sentido. vejamos onde a análise me leva...
2.
Achei lindo e simbólico a forma que você se enxerga internamente e como você encontrou uma linguagem própria de falar com o seu inconsciente. Identifiquei-me com muitas coisas nesse texto. Eu não tenho uma imagem recorrente de nada, a não ser uma que eu gosto de lembrar, mas que parou de acontecer por volta dos 12 anos. Quando eu era pequeno eu tinha dores de cabeça frequentes e sempre que isso acontecia eu ia tomar banho. Eu entrava no chuveiro e deixava a aguar bater na cabeça enquanto eu ficava de olhos fechados e eu sempre via uma imagem meio 3D tosco onde parecia que eu era só a minha cabeça, eu estava num espaço totalmente vazio, tudo escuro, só via a minha cabeça em 3D e a minha cabeça se abria no topo. Começavam a sair várias bolinhas com espinhos de dentro dela, até que a cabeça se fechava, a visão acabava e a dor de cabeça tinha passado.
Mas fora isso, sempre alguma situação da minha vida me lembra uma música, assim como hoje as pessoas falam de algo e lembram de um meme, eu lembro de músicas e tenho que me controlar para não ficar mandando músicas como as pessoas mandam meme. Também comecei a prestar atenção nas músicas que escuto no repeat sem prestar atenção na letra. Reparei que sempre que estou insistindo d+ numa música a letra tem a ver com o que eu estou sentindo.
Enfim... só compartilhando um pouco.
depois te conto, diretamente ou por aqui, sobre a minha TV de sonhos da infância!
achei bem legal sua capacidade de associar momentos à músicas e aceitaria receber, pelo menos de vez em quando, algumas que vierem à sua mente dentro de um contexto específico.
e essa questão de ouvir a música repetidas vezes e identificar que tem relação com o que você está sentindo é, pra mim, muito pertinente ao timing das coisas que eu mencionei :)
Aguardo a história da TV, e se durante as nossas conversas vier alguma música eu te mando :)
1.
Vamos à chuva de comentários rs... um por tópico.
Pode dar exemplos de como você enxerga o movimento do som sem ter relação com sinestesia?
É algo mais interno e avalio que tem um funcionamento parecido com a forma como eu visualizo o arquivo de ferro cinza esverdeado e a sala branca cheia de portas: como se fosse uma projeção das imagens que, inclusive, me faz olhar para frente como se o que eu vejo estivesse ali, mas está dentro de mim.
Confuso? Provavelmente.
No que diz respeito ao som, eu vejo movimentos parecidos com o que musicistas (principalmente os clássicos) fazem para indicar variação de tom, de acordo com a cadência específica. No canto, especificamente, tem sido como um pincel largo com tinta geralmente azul, lilás ou verde pintando o movimento da minha voz em termos de passagem do ar, tom e afinação.
Será que consegui explicar?
tenho várias questões que eu deveria levar para a terapia, mas fico adiando esse momento...
o incentivo tá feito, só vai.
um bom ponto de partida lá pode ser tentar entender porque você fica postergando lidar com essas questões.